© Rosária Pacheco, Série: Costa Vicentina, Azenha do Mar, 16 de Agosto de 2017 |
- Boa tarde! A pescaria foi boa?
- Boa tarde! Foi o que teve de ser. Não devemos reclamar
daquilo que o mar nos dá. Ele é que manda.
Uma resposta que nos foi dada com um sorriso sincero, como
sinceras e reveladoras foram as palavras com que o Senhor (que se vê no lado direito
da fotografia) nos respondeu de forma afável. Uma resposta que contém a sabedoria
dos pescadores. Homens que sabem que devem respeitar o mar, pois dele retiram o
seu sustento. E à laia da tradição, quiçá, superstição, sabem que não devem falar
mal dele, não vá as suas águas se revoltarem contra as suas embarcações,
virando-as, ou, até mesmo, lhes negar o “pão nosso de cada dia”.
Azenha do Mar é uma pequena aldeia litoral, situada no
Concelho de Odemira, freguesia de S. Teotónio. É uma aldeia dedicada à
actividade piscatória, possuindo um pequeno porto artesanal. Ao descer pela
rampa que vai dar ao porto, sente-se que é um lugar onde a vida gira em torno
do mar. O porto encontra-se abrigado por uma baía de imponentes rochas. Nele os
pescadores fazem descansar os seus barcos. Tive a sorte de me aperceber que
dois pescadores tinham terminado o seu dia de trabalho e se preparavam para
puxar a sua embarcação para terra com a ajuda de uma roldana. Deixei-me ficar ali a observar o seu trabalho. Enquanto o barco subia, iam entrelaçando os troncos
de madeira para facilitar a subida. No final da sua tarefa cumprimentámo-los e
a resposta que nos deram foi uma resposta repleta da sabedoria de vida. Daquela
sabedoria que as nossas gentes do mar e da terra tão sabiamente nos sabem transmitir.